terça-feira, 21 de abril de 2009

PETER DOHERTY GRACE/WASTELAND

Atenção, muita atenção, aos críticos mais acérrimos de Peter Doherty que o acusaram de pouca música e muita irreverência social, desta feita trata-se de música, aliás sempre se tratou! A experiencia de decantar Grece/Wasteland poderá antever em muito, um saldo veraneante e o pó festaleiro, a cerveja a cair em rodos de guitarras melodiosas, com uma melancólica voz rouca com que este cada vez mais songwriter apruma este inesperado trabalho.
O trabalho de Doherty tem a vertente de ser acondicionado por um adulto ressoar do dedilhar na guitarra, denunciando a colaboração de Graham Coxon, embaixador da guitarra dos Blur, a condimentar este renascimento. Que ao deixar passar ao lado, poderá tornar-se num pecado capital.

in mundo universitario
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YEAH YEAH YEAHS IT`S BLITZ

Ainda os tons de Maps não secaram no panorama musical contemporâneo, nem um Gold Lion se encontra devidamente dissecado, e já os Yeah Yeah Yeahs nos enfeitam a pascoa com um cliché rock, baptizado "IT`S BLITZ!".
Um trunfo lançado à terceira vaza, pelo mais simpático trio do rock alternativo. Este recem Messias do Jordão, encaminha a banda de nova Nova Iorque para correntes mais dançáveis, que muitas pistas de dança irão agradecer no verão que se avizinha. Contudo, mantém a banda o bom gosto que se lhe reconhece, mantem-do-se longe da ratoeira do mainstream.

IN MUNDO UNIVERSITÁRIO
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MARCELO 2D "A ARTE DO BARULHO"

Em países onde grassa a corrupção, e a desigualdade social pontua o dia-a-dia, é natural que esses estigmas se reflictam na arte. E nem o Brasil, nem Marcelo 2D fogem a esse estereótipo intervencionista, que deambula por culturas latinas, mas que nem sempre levam a água ao seu moinho, graças à vulgaridade e ao populismo com que alguns intérpretes compõem.
Mas a "arte do barulho" não deve ficar esquecida numa prateleira, pois não peca no discurso, e encontra momentos de verdadeira beleza na sonoridade, destacando este registo dos demais. Como canta Marcelo -malandro é malandro – vamos lá escutar este.

IN MUNDO UNIVERSITÁRIO
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quarta-feira, 8 de abril de 2009

NOKIA-ON-DIVE

A convite do MU, o Shampo Decapante esteve no Nokia On-Live que aconteceu na Aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa, no passado dia 4 de Abril, sábado, para assistir ao Festival. (Mundo Universitário)

Corredores a mais e poucos joanetes a contar os limpos azulejos da Aula Magna, acenderam o festival NOKIA ON-LIVE. O evento recebeu seis bandas portuguesas em dois palcos. Os radiofónicos Fingertips e os novatos Klept, dividiram a noite com bandas como Cool Hipnoise, X-Wife, Doismileoito e Buraka Som Sistema. Uma fraca luz humana a esquecer a cerveja fresca nos barris, contemplou este ensaio festivaleiro.

A miudagem deambulava pelo recinto numa correria de caspa em gel, e juro que fui abordado e me perguntaram: «sabe onde fica a sala de audições para os morangos com açucar?» - um acepipe que não soube responder, no traje desta espécie de Super Bock em Stock, mas num sentido mais mainstream. O meu coração repartia-se pelo Palco Play - onde actuariam os Fingertips, Klepht e os Doismileoito - e pelo Palco On - a receber os Cool Hipnoise, X-Wife e os Buraka Som Sistema. Mas este mal de amor era em vão, já que a organização arrumou bem a casa e os concertos alternaram sem misturas, e com curtas pausas.

Ressurreição
Recomposto do susto desse vassalo e dúbio sentimento, dei por mim a ouvir os primeiros acordes de uns 'Fingertips Unpplugged' com um bonito e providencial romantismo em palco, que amiúde me transportou a alma ao W.C. que, baixinho, vomitou enquanto avulso cortava os pulsos. Refeito da súbita má disposição, acomodei-me para um download repostado dos Cool Hipnoise, que com a sala ainda a transpirar a comédia do provincianismo romântico, atacaram no Groove e embalaram para um bom ensaio dançante como é seu apanágio. Com o recinto avermelhado pela luz que irradiava do palco, ensaiei um passo tanguista ao balcão, para aferir da frescura da cerveja. Na queda escapuli-me a um cigarro num claustro romântico, e ao lado de um cipreste anão ferrei o pulmão ao som de 'Groove Junkie'. De uma janela, Teresa de Albuquerque acenava-me num pleonasmo do 'Amor de Perdição' e, assim escreveu Camilo, - voltou Simão Botelho ao recinto...

Domingo de Ramos
Ancorei então a nau nos Klepht. O pesadelo dos Marillion portugueses, abanavam em palco espasmos de epilepsia numa atitude «fuck, I'm a fucking Rock Star!». Nesse espanto, Teresa de Albuquerque deixara-me ao destino de mais uma odisseia solitária ao bar e, com a tiróide já molhada, dei por mim de novo no Palco ON, com a presença da Hannah Montana sentada três filas atrás de Simão Botelho. Só aí o sol nasceu num bocejo da preguiça do sono - «Hey man. It`s fucking X-Wife time!». Leia-se X-Wife, com X maiúsculo, que quando os vi pela primeira vez, foi à borda d`agua, ali no Lux, de entrada para os norte-americanos Liars. Ali lhes diagnostiquei pedra na vesícula e alguns anos a desabarem fulminantes tópicos, a embaraçar os ditos dinossauros do rock tuga que mais parecem tristes personagens de um auto do Gil Vicente.

Santíssima Trindade
O simpático rock dos Doismileoito, findou a tarefa do Palco Play e os quatro algarismos por extenso foram quem melhor safra colheu dessa estrutura. Ainda as luzes dos céus da Aula Magna não haviam esmorecido, e já alguns impacientes fãs de dança batiam o pé sorrateiramente num aquecimento para os Buraka Som Sistema. Foi nessa altura que me envolveram num lençol, me ataviaram à mortalha algumas pedras bem amarradas e me lançaram ao oceano. É que kuduro é sempre kuduro, seja em Lisboa, seja em Luanda, seja pelas ruas de Chicala ou seja no Anfiteatro da Reitoria da Aula Magna, a receber um festival tipo fast-food, para um consumo imediato.

Com os concertos bastante curtos e os horários bem respeitados, tenho a salientar a actuação dos Cool hipnoise, dos doismileoito, e daquela que é agora provavelmente a melhor banda do meio alternativo nacional, os X-Wife, de quem fui cantarolando o Ping-Pong quando rumei a sul, com a esperança que melhores edições venham a ornamentar este evento.

terça-feira, 7 de abril de 2009

TRINTA ANOS DE INFATADAS MAL-AMANHADAS

Massa qb
300 g de almôndegas frescas
2 Dentes de alho
1 Cebola
1 Pimento
Azeite qb
Polpa de tomate
1 Folha de louro
Coentros
Sal e pimenta qb


De todos os processos químicos e a alquimia deles resultantes o mais fácil e com mais utilidade é feito na cozinha. Despeja-se azeite numa frigideira, pica-se uns alhos e uma cebola e leva-se ao lume com coentros... É um refogado, depois junta-se polpa de tomate e cozinha-se umas almôndegas em lume brando nessa magia culinária e servem-se generosamente por cima de uma massa cozida aldente. Senta-se à mesa, deseja-se bom apetite e atacamos a hóstia jantaresca regada com sumo de laranja natural pois em Janeiro exerço o meu direito ao Ramadão.
Na primeira trincadela o repasto é aprovado, a tenra carne moída aquece um serão longe do frio da noite de Janeiro. Na radio uma bateria ritmada enrola a batida com os os acordes da guitarra do dead souls dos Joy Division a bailar a nefasta odisseia da fria e industrial Manchester dos anos 80, o garfo como uma pá de uma grua enceta mais uma garfada quando admirado se suspende a meio do trabalho. Esperem lá esta não é a voz do Ian Curtis, esta voz canta em português, esta voz é a do tim. Então é isso, como nunca entendi, o homem do leme navega nas vagas do neo punk depressivo do dead souls...
Nunca fui fã dos xutos e pontapés, aliás acho-os mesmo maus, sou português, gosto de fado, gosto de tinto, gosto da anarquia benfiquista mas não cuspo para o chão e não suporto os xutos e pontapés, essa redundância elevada a culto. Essa self-made-band a salgar a massa na batalha com a insonsa almôndega. Irra que até uma refeição me estragam... Não bastavam as imagens de um sofrível rock in rio onde casais de meia-idade trocaram o fato de treino e o passeio no shoping por um concerto onde exibiram os rebentos às cavalitas prostrados a cruzar os braços como aquele fosse o concerto da vida deles, ou apenas a cruzar os braços num suplício, num aflito grito de agonia da vida parola dos pais...

ORPHEU DE PLUMAS E LANTEJOULAS


Não sei fazer isto, não sei mesmo como começar este texto. O juízo que eu faço das pessoas é vergonhoso, que vilão serei eu se não me penitenciar perante vós, alias umas boas chibatadas não iriam repor a verdade e pôr-me no lugar certo. Esta crise de asma já deve ser obra do protector.
Como posso eu voltar a olhar-me no espelho meu deus, não reconhecer a finura de providencial criatura e não assumir a contenda que eu comprei com o criador, mas eu escrevo isto arrependido e de lágrimas a nascerem-me nos olhos, senhores. este aprumado fruto babilónico e a sua colheita outonal, esta vindima suprema para uma embriagues cultural, este som suspenso que os deuses resolveram partilhar com o flamejado contribuinte socrático.
Falo-vos da harpa divina e da voz celestial meus amigos, serei eu merecedor de escutar esta música divina? Esta elasticidade musical marinada suavemente num rock & roll inovador e ligeiramente apimentado com uma pitada de electro pop gay que os deuses deixaram cair na terra para nos aquecer o coração neste cair da parra, para quando as folhas das árvores desmaiarem de tontura e deixarem a vida sexual dos pardais a descoberto complementado aquele momento de fim de tarde em que aviamos uma míni e aconchegamos a barriguita com um pastel de bacalhau...
Provem como é linda esta glória que desce à terra, é como uma chuva providencial... oiçam http://br.youtube.com/watch?v=1tS3Hg7oL8M