300 g de almôndegas frescas
2 Dentes de alho
1 Cebola
1 Pimento
Azeite qb
Polpa de tomate
1 Folha de louro
Coentros
Sal e pimenta qb
De todos os processos químicos e a alquimia deles resultantes o mais fácil e com mais utilidade é feito na cozinha. Despeja-se azeite numa frigideira, pica-se uns alhos e uma cebola e leva-se ao lume com coentros... É um refogado, depois junta-se polpa de tomate e cozinha-se umas almôndegas em lume brando nessa magia culinária e servem-se generosamente por cima de uma massa cozida aldente. Senta-se à mesa, deseja-se bom apetite e atacamos a hóstia jantaresca regada com sumo de laranja natural pois em Janeiro exerço o meu direito ao Ramadão.
Na primeira trincadela o repasto é aprovado, a tenra carne moída aquece um serão longe do frio da noite de Janeiro. Na radio uma bateria ritmada enrola a batida com os os acordes da guitarra do dead souls dos Joy Division a bailar a nefasta odisseia da fria e industrial Manchester dos anos 80, o garfo como uma pá de uma grua enceta mais uma garfada quando admirado se suspende a meio do trabalho. Esperem lá esta não é a voz do Ian Curtis, esta voz canta em português, esta voz é a do tim. Então é isso, como nunca entendi, o homem do leme navega nas vagas do neo punk depressivo do dead souls...
Nunca fui fã dos xutos e pontapés, aliás acho-os mesmo maus, sou português, gosto de fado, gosto de tinto, gosto da anarquia benfiquista mas não cuspo para o chão e não suporto os xutos e pontapés, essa redundância elevada a culto. Essa self-made-band a salgar a massa na batalha com a insonsa almôndega. Irra que até uma refeição me estragam... Não bastavam as imagens de um sofrível rock in rio onde casais de meia-idade trocaram o fato de treino e o passeio no shoping por um concerto onde exibiram os rebentos às cavalitas prostrados a cruzar os braços como aquele fosse o concerto da vida deles, ou apenas a cruzar os braços num suplício, num aflito grito de agonia da vida parola dos pais...
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